A Festa de Cristo Rei foi estabelecida pelo Papa Pio XI, que quis motivar os católicos para reconhecer em público que o líder da Igreja é Cristo Rei.
No início do século XX, o mundo, que ainda estava se recuperando da Primeira Guerra Mundial, fora varrido por uma onda de secularismo e de ódio à Igreja, como nunca visto na história do Ocidente. O fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha, o comunismo na Rússia, a revolução maçônica no México, anticlericalismos e governos ditatoriais grassavam por toda parte.
Há uma verdade fundamental da dogmática cristã que a chamada nova teologia busca obscurecer ou debilitar. É a Realeza universal de Cristo sobre toda a criação e por isso mesmo sobre a história. Sem embargo, esta verdade constitui a substancia mesmo do kerygma evangélico, que consiste na pregação do Reinado de Deus e de seu Cristo sobre a terra. A Nova Teologia obscurece e diminui a luz desta verdade porque ela se opõe diretamente ao laicismo da vida e da história que em sua versão liberal, socialista e comunista impera hoje sobre os povos. O laicismo constitui a substancia do mundo moderno e a nova busca pactuar com o mundo moderno. Logo se vê impelida a ofuscar e a diminuir uma verdade que tão radicalmente se opõe à sua intenção profunda.
Sem embargo, a encíclica "Quas Primas", de Pio XI, sobre Cristo Rei, permaneceu como um documento que desafia os propósitos da impiedade em seu intento de diminuir os méritos deste título glorioso do Redentor. As páginas da Escritura, tanto do Antigo como do Novo Testamento, a Tradição dos Padres, a liturgia e os documentos do magistério, abundam em testemunhos desta verdade. Os salmos de Davi cantam sob a imagem e representação de um Rei opulentíssimo e sapientíssimo que havia de ser Rei de Israel.
Com esta solenidade o Papa Pio XI esperava algumas mudanças no cenário mundial:
- Que as nações reconhecessem que a Igreja dever estar livre do poder do Estado (Quas primas, 32).
- Que os líderes das Nações reconhecessem o devido respeito e obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo (Quas primas, 31).
- Que os fiéis, com a celebração litúrgica e espiritual desta solenidade, retomassem coragem e força e renovassem sua submissão a Nosso Senhor, fazendo com que ele reine em seus corações, suas mentes, suas vontades e seus corpos (Quas primas, 33).
Portanto, não é de maravilhar que ao encerrar os livros santos o Apostolo João o chame de Príncipe dos Reis da terra que trás escrito em sua veste e em seu manto: Rei de reis e Senhor dos que domina.
A História, a história concreta dos povos, deve sujeitar-se ao reinado de Cristo. Cristo enquanto homem, por sua preeminência e por direito de conquista da Redenção, tem direito a que os povos o reconheçam em seu caráter de Rei. É evidente que os povos podem se rebelar. E assim canta o salmo: Porque se amotinam as gentes e traçam as nações planos vãos? Reúnem-se os reis da terra e confabulam os príncipes contra Yavé e contra seu ungido. Rompamos o seu jugo, longe de nós suas sujeições... Mas isto é vão. O que mora nos céus sorri. Yavé zomba deles.
A história serve ao reinado de Cristo de bom grado ou de mal grado, mas o serve. É claro que o correto e o que todos devemos desejar e no que devemos nos empenhar é em servi-lo de bom grado.
É assim que, nesta festa, o manto vermelho de Cristo assinala a realeza de Nosso Senhor, mas também nos recorda o sangue de tantos Mártires Cristãos de nossa História recente. Foram fieis católicos que, ouvindo os apelos do Sucessor de Pedro, não tiveram medo de entregar suas próprias vidas e de morrer aos brados de "Viva Cristo Rei!"
Fonte: http://www.cristeiros.org/2018/10/festa-de-cristo-rei.html?m=1